O Policiamento Comunitário ou de Proximidade é um tipo de policiamento ostensivo que emprega efetivos e estratégias de aproximação, ação de presença, permanência, envolvimento com as questões locais, comprometimento com o local de trabalho e relações com as comunidades, objetivando a garantia da lei, o exercício da função essencial à justiça e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do do patrimônio. A Confiança Mútua é o elo entre cidadão e policial, entre a comunidade e a força policial, entre a população e o Estado.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

HISTÓRIA - SÃO LUIZ GONZAGA/RS (1985)


HISTÓRICO DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO EM SÃO LUIZ GONZAGA/RS

1. DATA: 14 de abril de 1985
2. LOCAL : São Luiz Gonzaga/RS

3. RECURSOS UTILIZADOS :

- Para o policiamento comunitário a pé: Um Sargento e Oito (08) Soldados PM;
- Para o policiamento escolar: Quatro (04) Soldados PM e uma motocicleta (CHIPS);
- Para o policiamento motorizado: Uma viatura fixa no centro, duas viaturas no patrulhamento da cidade. Cada uma com uma guarnição de dois policiais nas 24 horas do dia.
- Para o policiamento montado: Três (03) policiais e três (03) eqüinos.

4. INTRODUÇÃO

Em 1985, tínhamos o fascínio pelo que diziam dos KOBANS, uma verdadeira base da atividade policial, em que o policial trabalhava sempre ao lado dos cidadãos, lidando com toda a sorte de problemas e eram chamados carinhosamente pela comunidade de “KEISATSU’, eis que cuidavam sempre da mesma área de policiamento. Realizavam entrevistas pessoais nas residências e escritórios onde ouviam as sugestões e se inteiravam dos problemas, ansiedades e preocupações, e mantinham na central de policia uma sala de consulta aos cidadãos para registrar as informações recebidas. Os KOBANs eram considerados a verdadeira origem da policia japonesa pelo relacionamento afetivo com a comunidade. E o mais interessante é que as esposas dos policiais ajudam fazendo contato com a comunidade e na conservação do posto policial. Muitos procedimentos do KOBAN podem ser adaptados para a realidade da policia militar brasileira , basta vontade e continuidade, que é ainda a nossa maior deficiência e fator de desconfiança da comunidade com nossos programas e estratégias.

5. IMPLANTAÇÃO DO POLICIAMENTO

No dia 14 de abril de 1985, foi instalado um posto de policiamento comunitário no centro da cidade de São Luiz Gonzaga, divulgado pelo Jornal ‘A Notícia” no mesmo dia - “14° BPM implanta aqui serviço pioneiro no Estado: o policiamento de quarteirões.” Na época, o Comandante éra o Ten Cel Clovis Mamedes da Silva de Lima, que apoiou a idéia e ainda promoveu palestras em todos os municípios da OPM para difundir a filosofia de relacionamento e aproximação comunitária.

Na execução do policiamento pela 1° Cia do 14° BPM foram utilizados os processos a pé, motorizado e montado. O patrulhamento a pé no centro da cidade ficava apoiado por três viaturas de radio-patrulhamento , sendo que uma ficava fixa na Praça Central do município. O policiamento escolar era feito por quatro policiais militares, sendo que um deles utilizava uma motocicleta para deslocar para aquelas escolas que não tinham o policiamento fixo. O patrulhamento montado percorria os bairros. No planejamento deste trabalho foi fixado o mês de novembro como meta para instalar policiais nos bairros quando se pretendia reunir os Moradores de cada Bairro. Sabia-se que a medida que fossem instalados novos postos, os recursos humanos se tornariam escassos e para isto pedia-se informações à comunidade.

O 14° BPM possuía, como cortesia, uma coluna no jornal “A Notícia” onde buscava-se esclarecer a comunidade e informar sobre as atividades da Unidade. Antes de instalar o primeiro posto de policiamento de quarteirão , foram reunidos dados sobre a cidade de São Luiz Gonzaga e verificado que o ponto estratégico mais importante da cidade era formado por oito quadras onde ficava os Estabelecimentos Comerciais, o único Jornal da cidade, a Prefeitura Municipal, a única Rádio , o Hotel principal e o maior Supermercado da época.

Depois de levantado o local onde seria instalado o posto de policiamento de quarteirão, foi convocada a comunidade do local para uma reunião no quartel do 14° BPM , quando foi realizada uma palestra pelo então Ten JORGE LUIZ PAZ BENGOCHEA juntamente com o Sgt BELMONTE , nomeado Comandante do grupo do 1° Posto de Policiamento de Quarteirão de São Luiz Gonzaga (um embrião para os próximos a serem instalados), sendo apresentados os policiais militares que integrariam o projeto e também o plano de trabalho que seria desenvolvido.

Após esta reunião, os policiais militares realizaram uma visitação em cada residência e empresa instalada no local, anotando os dados referentes a nome do proprietário, número de pessoas residentes, veículos utilizados, problemas enfrentados, e outros dados que foram catalogados num livro posto, com a numeração da residência. Cada policial militar teve a oportunidade de conversar com os moradores e proprietários de empresas, tornando-se conhecido, ocorrendo um envolvimento e comprometimento tanto dos policiais como também das pessoas da comunidade.

Para o policiamento escolar, adotamos o patrulhamento de motocicleta que incorporou o apelido dado pelos alunos: Chips (do seriado americano). Esta denominação aproximou ainda mais os policiais das comunidades escolares.

Após um mês de trabalho, os moradores foram novamente convocados para uma reunião de avaliação , quando verificou-se que havia já uma certa cumplicidade natural entre policiais e moradores e indícios de um relacionamento amistoso que transpirava confiança. 

Infelizmente, na Instituição existe o processo da falta de continuidade em que as pessoas envolvidas são transferidas e muda-se o que já está feito, não importando as conseqüências para a comunidade e para os policias militares que se comprometeram com o projeto.

O projeto não durou muito e foi extinto, voltando-se a fazer o policiamento normal , prejudicando a nossa aproximação com o futuro, muito antes de Lee Brown realizar o seu famoso relatório de 1991 , criando as estratégias do policiamento comunitário, mais tarde adotado pelo prefeito de Nova York Rudolph Giuliani e que conquistou tanto o respeito da comunidade americana.

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