O Policiamento Comunitário ou de Proximidade é um tipo de policiamento ostensivo que emprega efetivos e estratégias de aproximação, ação de presença, permanência, envolvimento com as questões locais, comprometimento com o local de trabalho e relações com as comunidades, objetivando a garantia da lei, o exercício da função essencial à justiça e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do do patrimônio. A Confiança Mútua é o elo entre cidadão e policial, entre a comunidade e a força policial, entre a população e o Estado.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

DELEGACIA ESPECIALIZADA EM SEQUESTROS RELÂMPAGOS

SP terá delegacia especializada em sequestros relâmpagos. Plano de reforma dos departamentos prevê um ''super DHPP'', que cuidará também de homicídios e chacinas - 30 de junho de 2011 | 0h 00 - Marcelo Godoy - O Estado de S.Paulo

Criar uma delegacia para investigar sequestros relâmpagos e outras duas contra lavagem de dinheiro, além de padronizar as estruturas dos departamentos. Essas são algumas das medidas preparadas pela Polícia Civil nesta segunda fase da reforma de sua estrutura, que vai afetar os departamentos especializados.

O plano de reforma dos departamentos deve ficar pronto agora em julho. A primeira parte da reforma da Polícia Civil começou em abril, com o reagrupamento de delegacias em cidades do interior - foram fechadas unidades consideradas desnecessárias para tirar policiais de funções burocráticas e passá-los para a investigação de delitos.

O plano da Delegacia-geral e da Secretaria da Segurança Pública é transformar o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em um superdepartamento. Além de apurar os assassinatos, roubos seguidos de morte e chacinas na capital, passará a contar com a Divisão Antissequestro (DAS).

A divisão terá uma delegacia contra os sequestros clássicos, outra contra extorsões e uma nova unidade que centralizará pela primeira vez o combate aos sequestros relâmpagos no Estado. A divisão contará ainda com a atual delegacia de pessoas desaparecidas. Segundo o delegado-geral, Marcos Carneiro Lima, o desaparecimento é muitas vezes o começo de um sequestro.

Hoje, a DAS é parte do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic). Carneiro espera que a passagem dela para o DHPP deixe claro que "o mais importante no crime de sequestro são os efeitos que ele causa na vítima". O DHPP terá ainda sob sua ordem o Grupo Especial de Resgate (GER), que atua em crises com reféns.

Lavagem. Outra aposta será a ampliação do combate à lavagem de dinheiro. Hoje, o Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) conta com esse tipo de unidade - voltada contra a lavagem de dinheiro de sonegação fiscal, fraudes e crimes contra a economia e o consumidor. Além do DPPC, o Deic e o Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) vão contar com delegacias iguais contra a lavagem do dinheiro de traficantes e de organizações criminosas ligadas ao roubo de cargas, de veículos e de banco, além de golpistas.

sábado, 25 de junho de 2011

OS RUMOS DA CONSTRUÇÃO DA POLÍCIA DEMOCRÁTICA


Fórum Brasileiro 16 de junho de 2011 às 6:59h - Jacqueline Muniz e Domício Proença Júnior* - CARTA CAPITAL (Publicado originalmente no Boletim IBCCRIM, ano 14, no. 164, Julho/2006: 4.)


Há duas direções distintas e complementares na construção da polícia democrática que desejamos. Uma é a refundação das estruturas policiais. Outra é a democratização das práticas policiais. A refundação das estruturas policiais é tarefa para a sociedade brasileira: inclui desde a repactuação federativa até a redefinição dos turnos do trabalho policial. Temos competências, vivências e ciência para isto. As várias iniciativas brasileiras neste setor, ainda que pontuais e descontínuas, revelam alternativas. Aqui a questão é política: o reconhecimento de prioridades e a decisão do empenho de recursos.

Isto pode exigir mais tempo que um mandato de quatro anos, quando então um governo deve começar, e outro, continuar: será preciso realizar diagnósticos substantivos, apreciá-los e, a partir deles, elaborar, debater e escolher o rumo de uma Reforma Policial que mereça estas maiúsculas.

Já a democratização das práticas policiais é algo que pode começar amanhã. Ela diz respeito à relação cotidiana entre cidadãos e policiais. Seu início está ao alcance de qualquer executivo de segurança pública num bairro, numa cidade ou num Estado sem que isto exija qualquer mudança na legislação criminal ou na Constituição.

O primeiro passo é fazer transparente o conteúdo da ação policial. É dizer: tornar públicos quais são os procedimentos policiais legais e legítimos. Ainda uma vez: sabermos todos o que é que os policiais, no cumprimento do seu dever, podem esperar e demandar de cada um de nós, e o que nós podemos esperar e demandar da nossa polícia.

Para alguns, esse passo pode parecer óbvio, até desnecessário. Há com certeza muitos policiais e cidadãos que já tem para si um inventário de comportamentos policiais ou das maneiras de como lidar com eles. São acervos construídos pelo estudo ou em encontros felizes ou infelizes entre policiais e cidadãos. Mas esse saber não é compartilhado, não está disponível para todos.

Se o assunto dos procedimentos policiais surgir numa roda de cidadãos ou de policiais, as chances de consenso são poucas. É mais provável que se tenha uma espécie de Babel interativa em que cada um enuncia visões e expectativas tão incompatíveis que soam como idiomas distintos. Mesmo atos elementares ficam entregues a práticas idiossincráticas e cambiantes. “Tudo pode acontecer”: talvez seja esse o consenso sobre procedimentos policiais e respostas de cidadãos à polícia no Brasil.

A falta de transparência dos procedimentos policiais gera suspeita e desconfiança de parte a parte, muitas vezes por desconhecimento de coisas que são óbvias para um dos lados, mas não para o outro. Abre-se com isso a porta para todo tipo de acidentes e incidentes entre policiais e cidadãos.

Como resultado, a polícia tende a evitar o cidadão, o cidadão a polícia, um fugindo do outro porque nenhum dos dois sabe o que esperar ou tem segurança sobre o que fazer. Vê-se aqui um tipo de cumplicidade às avessas. É mais prudente para o policial chegar depois de um fato ocorrido, como é mais prudente para o cidadão só chamar a polícia depois que tudo o mais já foi tentado. Este estado de coisas vai minando a confiança pública na polícia, que é o requisito indispensável para o provimento da segurança pública democrática. E essa é a receita para o abandono da polícia pela sociedade.

Há quem afirme que divulgar os procedimentos policiais é um erro, e que tornar a ação policial transparente e previsível enfraqueceria a polícia. Se isso fosse verdade, seria um forte argumento contra a transparência. Mas não é o caso. A questão é precisamente a previsibilidade: aderindo ou não aos procedimentos, os cidadãos sabem o que esperar da polícia. A polícia é mais obedecida quando seus procedimentos são transparentes. Mais ainda, os policiais sabem o que esperar de outros policiais.

Assim, a transparência dos procedimentos policiais é um fator de força e não de fraqueza da polícia: está no centro de sua credibilidade e é a raiz de sua superioridade de método.

Mais ainda, o sigilo prejudica a maior parte das atividades policiais. Há necessidade de sigilo em algumas das atividades de inteligência, de investigação criminal, de operações específicas. Mas, para a maioria das ações policiais, sejam elas de natureza preventiva, repressiva, investigativa ou assistencial, o sigilo é contraproducente. Só a transparência pode mobilizar a colaboração responsável dos cidadãos que é crucial em todas estas outras atividades.

Só se pode explicar o apego a um sigilo abrangente sobre como a polícia atua como um fóssil do período autoritário. Essa renitência quer que os procedimentos policiais sejam um segredo intra-corporativo e serve mais como proteção a amadorismos e desvios de conduta do que para garantir a segurança ou o bom desempenho dos policiais em seu trabalho.

A transparência dos procedimentos policiais é, portanto, o primeiro passo essencial para a democratização das práticas policiais. Faz com que policiais e cidadãos sintam-se seguros em suas ações nas diversas situações em que se encontrem, desde a prosaica retirada do gato da árvore até o desconforto de uma revista pessoal. Estabelece os termos mais corretos para quaisquer esforços de controle e participação social. Serve de base tecnicamente correta para a responsabilização policial. Estrutura os termos do profissionalismo policial. Educa a polícia e a sociedade para o relacionamento democrático em prol da segurança pública. Compartilhar o que são as regras do jogo na interação entre cidadãos e policiais serve a todos, reduzindo o risco de abuso da e do desacato à autoridade policial.

Jogar o jogo democrático da segurança pública demanda que todos os envolvidos conheçam e apreciem as regras do jogo. Aqui a questão é compreender o que é e o que não é admissível na ação policial. Não é diferente do futebol: é impossível jogar, assistir ou apreciar uma partida sem que se saibam quais são as regras que movem os jogadores. É impossível produzir, ter ou avaliar a segurança pública democrática sem que se saibam quais são os procedimentos policiais. E isto não é um detalhe, um benefício a mais: é a base da confiança pública na polícia e do profissionalismo policial no Estado de Direito.

Isso exige uma passagem da Babel de expectativas e vivências para a clareza do conteúdo e da forma destes procedimentos. Trata-se de traduzir o “policialês” em “cidadanês”, tornar inteligível e público o que são os comportamentos esperados de policiais e cidadãos. E exatamente nisso, na simples clareza de parte a parte, reside o potencial de uma mudança substantiva no relacionamento entre a polícia e os cidadãos.

O início deste processo está inequivocamente nas mãos dos executivos policiais.

Pode iniciar com um(a) governador(a) de estado, um(a) secretário(a) de segurança pública, um(a) chefe de polícia ou comandante-geral, um(a) delegado(a) ou um(a) comandante de grande unidade, um(a) chefe de turno ou um(a) comandante de unidade policial. Pode ser tão simples quanto clarificar o que sejam os procedimentos a serem seguidos e divulgá-los. Este início precisa, então, encontrar eco na sociedade. Este pode estar nos representantes políticos, nos órgãos da sociedade civil, na mídia, nas escolas, nos locais de trabalho, nos condomínios. A materialidade do processo de divulgação pública dos procedimentos policiais está aberta a todos os atores, todas as técnicas, toda organização e todo voluntarismo, como qualquer outra questão de conscientização e ação social. E pode começar amanhã.

AUTORES

*Jacqueline Muniz, D.Sc., professora do Mestrado em Direito da UCAM; foi Diretora do Departamento de Pesquisa, Análise da Informação e Desenvolvimento de Pessoal da SENASP/MJ; Coordenadora de Segurança, Justiça e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro.

Domício Proença Júnior, D.Sc., Ordem do Mérito da Defesa Nacional, professor da Coppe/UFRJ, membro do International Institute for Strategic Studies (IISS, Londres), da International Association of Chief of Police (IACP, Leesburg).

Ambos são membros do Grupo de Estudos Estratégicos.

Fórum Brasileiro - Segurança Pública e Desenvolvimento é uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e a CartaCapital que busca reunir artigo e discussões sobre a área. Sua proposta é refletir sobre como a segurança pública é fator essencial para um modelo de desenvolvimento democrático e garantidor de paz e qualidade de vida para a população brasileira.

COMENTÁRIOS DOS LEITORES

Capitão Marinho disse: 21 de junho de 2011 às 9:52 - Excelente texto! Entretanto, gostaria de acrescer que a transparência das regras diminuiria ou acabaria de vez com o “clientelismo” policial, que é o uso da força pública em proveito privado. Exemplo: a transparência da regra, ia fazer a sociedade carioca perceber que NADA justifica a discrepância que existe na distribuição estratégica do efetivo policial na cidade do Rio de Janeiro, onde proporcionalmente (Polícia-Cidadão) a Zona Sul (bairros nobres) tem um número de policial infinitamente maior que a Zona Oeste (bairros periféricos). Ou seja, no caso do Rio, o Governador, o Secretário de Segurança e as pessoas de mando moram em bairros onde existem a “super representação” do efetivo policial. Sem contar os Estados onde o Governador tem à disposição da sua segurança pessoal mais policiais que a população de vários municípios juntos. Concluindo: se todos os cidadãos conhecer a “regra do jogo” como se sustentará o “clientelismo” policial? E como prender por desacato a autoridade as pessoas que buscam seus direitos de forma pacífica, como numa reivindicação por melhores salários?

gutierrez lhamas coelho disse: 16 de junho de 2011 às 8:31 - Excelente texto, embora de cunho acadêmico. Não se pode esquecer que práticas policiais e sua inescapável transparência, enfrentam dois problemas seríssimos, a meu ver primordiais e que, portanto, devem ser tratados predominantemente: a frouxidão das nossas leis, que levam à sensação da impunidade e a corrupção endêmica da polícia, seja ela civil ou militar e até federal. Trabalho policial transparente, com procedimentos reconhecidos e apoiados pela sociedade, exige consequências sem as quais se torna inútil: maior rigor das leis, ausência (se possível) de corrupção e punição para todos (estamos fartos de ver os “tubarões” escaparem da justiça por terem dinheiro, advogados caros e juízes propensos a lhes dar mais ouvidos que à própria policia). O resto é texto, é retórica.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Seria bom acordar estes especialistas para esquecer no momento a questão "segurança pública" e abrir a visão deles para o cenário e mazelas que impedem a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Assim, eles teriam um amplo conhecimento das questões para então tratar da democratização das polícias.

Fazendo a anamnese do todo, poderão assim chegar às ponderações específicas de cada instrumento de coação, justiça e cidadania com responsabilidades na paz social no Brasil. Por certo enxergarão que o aparato policial está dividido em segmento, cultura e clima organizacional, fora de um sistema que deveria integrar e aproximar o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Setor Prisional, a Saúde e a Educação, amparado por leis fortes, determinantes e coativas tanto para o agente público como para os autores de delitos, oportunizando defesa e punições dignas e seguras.

Neste caminho, os especialistas teriam na sua frente uma realidade caótica que deve ser mudada com urgência, sob pena do Brasil entrar em colapso na segurança, na justiça e nos direitos humanos.

E aí sim. Poderíamos entrar nas mudanças necessárias de sistema, estrutura, postura, valor e comportamento para as polícias e agentes policiais.

Conclamo que façam uma visita ao blog MAZELAS POLICIAIS e leiam o conceito de "segurança pública", o "sistema de ordem pública ideal" e a "entropia da ordem pública no Brasil", inseridos no rodapé do portal.

http://mazelaspoliciais.blogspot.com/

terça-feira, 21 de junho de 2011

FURTOS NO CENTRO - BM IRÁ USAR PATRULHAMENTO MONTADO


Cavalos serão usados no policiamento do Centro de Porto Alegre - ZERO HORA 21/06/2011

Preocupado com a repercussão das imagens divulgadas por Zero Hora na edição de ontem, o comandante da 1ª Companhia do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), major André Luiz Córdova, confirmou ontem que a Brigada Militar passará a usar cavalos de forma permanente para reforçar o policiamento no centro de Porto Alegre.

A intenção com a medida é que as rondas sobre quatro patas complementem o trabalho atualmente feito por PMs em viaturas, a pé e de bicicleta.

Apesar de reconhecer que os casos de furtos e roubos a pedestres estão entre os principais problemas da região central, Córdova disse que os registros envolvendo os dois crimes sofreram uma queda na área central.

Segundo o major, de janeiro a maio teria havido uma redução de 36% nos roubos a pedestres em relação ao mesmo período do ano passado.

No que se refere aos furtos, a queda seria de 28%. O major Córdova, porém, não forneceu os números completos.

Sobre a liberação do rapaz preso ontem, o comandante não escondeu a frustração.

– Às vezes prendemos, cinco, 10 vezes a mesma pessoa. A gente prende, prende, prende e o meliante é solto. Depois quem é o criticado? Mesmo assim, vamos continuar fazendo nosso papel e pedimos que as pessoas colaborem, inclusive nos ajudando a identificar suspeitos. Todos precisam fazer sua parte – disse o major.

domingo, 19 de junho de 2011

CENTRO DE ANÁLISE CRIMINAL PARA MAPEAR OCORRÊNCIAS E PLANEJAR AÇÕES


Mapeamento e estratégia para reduzir crimes. PM cria Centro de Análise Criminal para mapear ocorrências e planejar as ações na Zona Oeste e parte da Zona Norte - POR ISABEL BOECHAT - O DIA 18/06/2011

Rio - Assaltada 12 vezes em frente à própria residência, na Rua Barichen, em Coelho Neto, a dona de casa Rani Medeiros tinha vergonha de convidar parentes para visitá-la. Outro morador da rua nunca fez seguro de seu carro, um Parati 2007, por causa do valor — R$ 12 mil, pouco menos do preço do veículo no mercado. Situação que pode mudar em breve. Hoje, a rua — que já registrou média de cinco roubos de carros diários — conta com patrulhamento 24 horas por dia.

A medida foi tomada após a criação do Centro de Análise Criminal (CAC) do 2º Comando de Policiamento de Área, responsável pelo planejamento das ações de sete batalhões da Zona Oeste e de parte da Zona Norte. Lá é feito o mapeamento da mancha criminal da região, que registra altos índices de violência.

Oficiais montam planilhas a partir da análise de dados de registros de ocorrência, como incidência, horário e local. As informações ficam disponíveis em painel colorido com mapas. Numa sala de monitoramento, policiais controlam online as viaturas e gerenciam seu deslocamento.

“O caso de ruas de Coelho Neto, que eram rota de fuga de bandidos para a Avenida Brasil, percebemos incidência incrível do que chamamos crimes de rua. Colocamos viatura no local, mas bastava o PM sair por uma hora para almoçar e ocorriam assaltos. Baseamos policiais no local de forma ininterrupta. Hoje, conseguimos zerar o número de roubos de veículos e pedestres em algumas vias”, afirma o comandante do 2º CPA, coronel Aristeu Leonardo.

Segundo ele, o centro de análise foi criado para ajudar os batalhões a cumprir metas da Secretaria de Segurança. Os números de janeiro a abril mostram que, em toda a área do 2º CPA, houve redução nos casos de letalidade violenta (homicídio, latrocínio e auto de resistência), crimes de rua (roubos, furtos e assaltos a ônibus, comércio, residência) e roubos de veículos. No entanto, o 14º BPM (Bangu) registrou aumento nos índices de homicídios e autos de resistência.

Modificação até no horário de almoço de policiais

Para reduzir índices de violência em determinadas áreas, o coronel afirma que foram iniciadas ações conjuntas entre os batalhões. Em maio, por exemplo, as análises do CAC apontaram que o 31º BPM (Barra) não bateria metas para redução de roubos. Foram, então, montadas ações específicas com o apoio de outras unidades e mudança nos horários de almoço de policiais. As equipes foram divididas em três horários de refeições. Assim, apenas um terço, e não a metade do efetivo, interrompe o trabalho para almoçar.

“Fazemos as análises e as ações necessárias, com o apoio de outros batalhões para atingir as metas”, explica o major Luís Carlos Silva Junior, analista do CAC.

Em abril, de acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), na região do 14º BPM (Bangu), houve um aumento de 150% nos caosos de homicídios e roubos seguidos de morte em relação ao mesmo período de 2010. Foram 33 registros contra 13, respectivamente.

O coronel Aristeu Leonardo atribui a queda nos índices de letalidade violenta em toda a área do 2º CPA — de 152 casos para 127, na comparação entre abril deste ano e de 2010 — principalmente à redução nos autos de resistência (mortes em confrontos com a polícia).

Integração com a população

COMUNICAÇÃO: o auxílio da população é considerado um ponto-chave para o sucesso do CAC. Segundo Aristeu Leonardo, no CAC os contatos são feitos por telefone e pela Internet.

PARA QUE SERVEM: por meio desses canais, a população pode fazer sugestões, críticas e prestar informações sobre o esconderijo de criminosos, drogas e armas e até fatos que envolvam policiais militares.

INTERNET: pelo site www.2cpa.net, a população pode, por exemplo, acessar o link ‘Fale com o comandante’. O coronel Aristeu Leonardo garante responder aos questionamentos e dúvidas dos internautas.

DISQUE DENÚNCIA: foi criado também o Disque Denúncia especial do 2º CPA: 3331-0202. Quem liga não precisa se identificar para fornecer informações.

BATALHÕES DO 2º CPA: Santa Cruz, Bangu, Jacarepaguá, Irajá, Rocha Miranda, Barra da Tijuca e Campo Grande.

sábado, 18 de junho de 2011

UPP - ESPERANÇA VERDE-E-ROSA


UPP da Mangueira traz esperança Verde-e-Rosa. Ocupação da favela, amanhã, alimenta sonhos de paz no morro e em nove bairros - Reportagem de Flávio Araújo e Vania Cunha - O DIA, 18/06/2011

Rio - Um clima de expectativa paira sobre o Morro da Mangueira e os nove bairros vizinhos, às vésperas da ocupação da comunidade para a instalação da 18ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Nas primeiras horas de amanhã, 400 homens das forças de segurança estadual e federal vão iniciar a libertação da favela do domínio do tráfico. Ontem, como uma prévia da ação, o Batalhão de Choque fez um cerco ao morro, enquanto um helicóptero da polícia realizava mapeamento da área.

Apesar da tensão antes da entrada da polícia, moradores já sonham com melhorias, principalmente em relação à segurança. Esperança para uma região onde vivem mais de 100 mil pessoas — abrangendo São Cristóvão, Benfica, Tijuca, Maracanã, Vila Isabel, Rocha, São Francisco Xavier, Sampaio e Riachuelo.

“A Mangueira já é uma referência internacional e atrai turistas. Com a pacificação, a expectativa é de crescimento econômico na região. Além disso, 70% da minha clientela são da Uerj, e a segurança na área precisa melhorar”, avaliou José Manuel Gonçalves, de 58 anos, dono de um restaurante em Vila Isabel.

O segurança Thiago Reis, 26 anos, crê que poderá frequentar a quadra da Estação Primeira sem riscos. “Também espero a diminuição de usuários de crack, que cometem roubos nas ruas próximas”, torce. A coordenadora do projeto social Um Dia Feliz, Dulce Santos, 43, resume o sentimento de quem vive no morro: “Não basta usar a força policial para entrar, é preciso atender às demandas da população. Aqui os benefícios sempre ficaram às margens”.

Mês passado, O DIA noticiou que a ocupação da Mangueira será a primeira contar com o aparato do Comando de Operações Especiais da PM.

Helicópteros, blindados e ‘Transformers’

Os veículos blindados da Marinha — usados na retomada dos complexos da Penha e do Alemão, ano passado, e das favelas de Santa Teresa, Estácio, Catumbi e Rio Comprido, este ano — serão acionados para apoiar os ‘caveirões’ da PM e da Polícia Civil.

O planejamento para a ocupação da Mangueira contará ainda com equipamentos da Unidade de Intervenção Tática do Bope: as retroescavadeiras ‘Transformers’, caminhões-prancha e baú, muncks e helicópteros blindados. Cães farejadores também vão entrar em ação.




A nova UPP, que deve ter duas bases e cerca de 250 policiais, vai beneficiar também as comunidades vizinhas do Morro dos Telégrafos e Parque Candelária. A unidade fecha o cinturão de segurança no Maciço da Tijuca e no entorno do Maracanã, onde haverá jogos da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.

Ações preparatórias para minar resistência começaram há 2 meses

A preparação para a retomada do Morro da Mangueira começou há dois meses, com várias operações da polícia. Mês passado, a PM fechou um túnel de 200 metros, que servia como rota de fuga de bandidos. Na ocasião, policiais civis fizeram varredura para localizar criminosos.

Ontem, 50 policiais do Batalhão de Choque, com o apoio de um blindado, cercaram os acessos à comunidade pelo lado do Largo do Pedregulho e fizeram uma incursão no Morro do Tuiuti, em São Cristóvão. Segundo a PM, o objetivo era evitar que bandidos retirassem armas, munição e drogas da Mangueira.

Dois homens foram presos — um deles havia saído da Mangueira. Os PMs apreenderam dois adolescentes, além de um revólveres, material para embalar drogas, touca ninja e cinco camisas com inscrição de empresa de telefonia.

Na ação de amanhã, um centro de triagem será montado na comunidade, onde os policiais vão dispor de computadores com banco de dados para identificar suspeitos. Uma equipe da Corregedoria da PM vai acompanhar toda a operação, para ouvir as reclamações de moradores e evitar abusos.

PM monta base em favelas de Caxias para prender foragidos de comunidades do Rio

O Complexo da Mangueirinha, no Corte Oito, Duque de Caxias, receberá uma base fixa da Polícia Militar. Segundo o comandante do 15º BPM (Caxias), coronel Álvaro Moura, há indícios de que criminosos da Mangueira se refugiaram no conjunto de favelas após o anúncio da ação para implantar a UPP na comunidade do Rio.

Ontem, em operação que mobilizou quatro batalhões, PMs trocaram tiros com traficantes. Um homem morreu. Com ele, havia uma pistola e três quilos de maconha.

Pichação com a inscrição ‘saudades do Alemão’, num muro da comunidade, era mais um indício da presença de bandidos do Rio.

“Há muitos traficantes de outras regiões que se uniram à quadrilha daqui. Vamos continuar com as ações por tempo indeterminado”, afirmou o coronel Moura. (Isabel Boechat)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O QUE PENSAM OS POLICIAIS DAS UPP'S

ABAMFBM, Abordagem Policial, CESeC, 30/05/2011

Os policiais dificilmente são ouvidos, seja porque geralmente não falam, por proibições legais, seja porque a estrutura hierárquica das corporações fornecem apenas às instâncias superiores o papel de retratar, ao seu modo, a realidade vigente. O Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), da Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, acaba de contribuir para a inversão desta tendência, numa pesquisa intitulada “Unidades de Polícia Pacificadora: o que pensam os policiais?”, uma avaliação das condições de trabalho e expectativas dos policiais cariocas que trabalham nas badaladas UPP’s.

Além de analisar o perfil dos policiais, a pesquisa avaliou a formação profissional, as atribuições e atividades dos policiais nas UPP’s, a percepção sobre a receptividade dos moradores, as condições de segurança, dos equipamentos e das condições de trabalho. Por fim, o estudo observou a satisfação e sugestões dos policiais lotados nas Unidades de Polícia Pacificadora.

Alguns dados apontam para a necessidade de reformulação de políticas, como o fato de que 70% dos policiais militares entrevistados dizem preferir estar em outras unidades policiais que não as UPP’s, trabalhando em batalhões “tradicionais”.

Este e outros resultados não surpreendem quando se sabe que os policiais empregados nas UPP’s não desfrutam das melhores condições de trabalho, e culturalmente são segregados da tradição policial, que tem como símbolo as incursões, as armas de guerra, a “caveira”, o uniforme camuflado. Com a exaltação midiática e popular do Batalhão de Operações Especiais, o BOPE, como se a regra do policiamento fosse ou devesse ser esta modalidade de unidade, é natural que policiais empregados numa filosofia pouco agressiva e reativa se sintam desprestigiados.

Outros elementos que indicam este impasse são observados na pesquisa, como a o fato de que “quase todos os policiais (94%) acham necessário portar fuzil no dia-a-dia da UPP”, não obstante 99,7% admitir que os homicídios são ocorrências pouco frequentes ou inexistentes nas áreas de UPP, bem como o porte ilegal de armas, que são pouco frequentes ou inexistentes para 98,9% dos policiais.

Como está disposto na introdução da pesquisa:

O que se destaca, finalmente, dessa primeira etapa do levantamento, é a importância de que a formação dos policiais valorize os princípios do policiamento de proximidade, enfatizando os elementos capazes de reforçar a identificação dos agentes com o projeto, de ressaltar a novidade do modelo e a importância do trabalho realizado por cada um. Embora, até o momento, as UPPs estejam colhendo muito mais sucessos do que fracassos, há diversos desafios a serem enfrentados para que elas se tornem efetivamente sustentáveis. Um deles é fazer com que os policiais de ponta sintam-se também beneficiários do projeto e responsáveis diretos pela mudança das relações entre população e polícia.

Ler o resultado da pesquisa é fundamental para entender as contradições e sucessos vigentes no projeto das UPP’s, que acabam por trazer à tona necessidades de reforma na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que é uma espécie de laboratório para a realidade das diversas corporações policiais brasileiras.

Clique aqui e baixe a pesquisa do CESeC completa.
http://www.4shared.com/document/Y6XmDpqU/policiaisupps.html