O Policiamento Comunitário ou de Proximidade é um tipo de policiamento ostensivo que emprega efetivos e estratégias de aproximação, ação de presença, permanência, envolvimento com as questões locais, comprometimento com o local de trabalho e relações com as comunidades, objetivando a garantia da lei, o exercício da função essencial à justiça e a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do do patrimônio. A Confiança Mútua é o elo entre cidadão e policial, entre a comunidade e a força policial, entre a população e o Estado.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

FIM DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO - Secretário anuncia rodízio de PMs em UPPs, abortando proposta comunitária.

Secretário anuncia rodízio de PMs em UPPs - Blog Reporter de Crime - O Globo - 21/04/2010

A Secretaria de Segurança vai implantar o rodízio de policiais nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), com o objetivo de evitar que os agentes sejam corrompidos pelo tráfico. A medida foi anunciada pelo secretário José Mariano Beltrame em encontro com blogueiros da Tijuca, na segunda-feira. Sem saber disso, postei no dia seguinte a sugestão de um bandido, de que o rodízio dos PMs evitaria que fossem cooptados pelo tráfico.

O anúncio feito pelo secretário de Segurança é bem pragmático, mas indica que de fato o tráfico de drogas não foi desmobilizado das áreas dominadas pela polícia - uma conquista que era anunciada no início do projeto de pacificação de pavelas. Mais tarde, as autoridades passaram a contar como vantagem o fato de conseguirem conquistar o território antes ocupado por homens arrmados. De fato é muito difícil retirar os todos os traficantes daquelas áreas, já que muitos deles ali nasceram e foram criados. Muitos têm fortes vínculos afetivos com a comunidade.

O que ainda falta às UPPs, a meu ver, é a criação de um setor de inteligência - semelhante ao da 2a Seção de toda organização militar - com o objetivo de produzir conhecimento que auxilie as operações policiais em favelas e o próprio funcionamento das UPPs. A experiência desses novos policiais em favelas não pode ser desprezada. O ideal é que os integrantes desse setor atuassem de modo clandestino, sem o conhecimento nem mesmo de seus colegas. Seria uma espécie de infiltração dentro da própria unidade com o objetivo de evitar que policiais fossem cooptados. O problema é que teriam que ser homens e mulheres com idoneidade acima da média, checada e rechecada. Essa atividade de inteligência dentro da UPP também iria requerer uma espécie de rodízio para não criar uma casta no grupo.

Um dos blogueiros que participou do encontro com o secretário foi Jan Kruger, leitor assíduo deste blog e autor do Caos Carioca. Em post publicado ontem, Kruger informa:

"O Secretário e seus assessores explicaram que haverá uma expansão gradativa do numero de favelas ocupadas. E que tal planejamento é feito de acordo com estudos detalhados dos candidatos (as favelas), que são ranqueadas de acordo com metodologia específica. Tal expansão depende da formação de novos policiais. 1300 esta semana e outros 1500 em Agosto o que possibilitará ocupar em media uma favela ate o final deste ano. Deixou claro também que ate o momento não houve ingerência nenhuma quanto ao planejamento e que este está a cargo de técnicos, e não políticos."

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - ESTA MEDIDA DECRETA O FIM DA FILOSOFIA DO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO PROPOSTA PARA AS UPPS. O RODÍZIO TORNA IMPESSOAL O POLICIAMENTO E ACABA COM A PROPOSTA DE APROXIMAÇÃO CAPAZ DE AUMENTAR A RELAÇÃO DE CONFIANÇA ENTRE POLICIAL E CIDADÃO, INSTITUIÇÃO E COMUNIDADE, NECESSÁRIO PARA A IMPLEMENTAÇÃO E CONSECUÇÃO DESTA FILOSOFIA DE POLICIAMENTO.

Parafraseando um ditado conhecido, ao invés de retirar as ameaças do meio, ele prefere mudar as oportunidades de lugar. É amadorismo de quem não conhece a filosofia do policiamento comunitário, ou de proximidade, ou de quarteirão, ou dos koobans japoneses. O policiamento comunitário é pessoal e precisa de tempo de ocupação do território, aproximação com o cidadão e provas de trabalho bem feito, para então conquistar a confiança do cidadão e da comunidade onde se trabalha.